As emissões de esporos de fungos são um fator importante que contribui para os aerossóis biogênicos, mas ainda precisamos entender em que condições os fungos liberam seus esporos. Nina Löbs e coautores desenvolveram uma nova técnica para medir emissões de organismos isolados e fizeram testes no ATTO e experimentos controlados em laboratório. Os autores publicaram os resultados na revista “Atmospheric Measurement Techniques” do Open Access.
Os aerossóis desempenham um papel importante em vários processos atmosféricos e, em particular, na formação de nuvens. Portanto, é importante saber como eles são produzidos. No meio da floresta amazônica, longe de qualquer poluente humano, a maioria dos aerossóis é biogênica. Entre as frações de tamanho maior, os esporos de fungos são dominantes. Mas quais são as condições favoráveis para os fungos liberarem seus esporos? É exatamente isso que Nina Löbs e seus coautores queriam descobrir!
Para abordar essa questão complexa, os autores estabeleceram uma nova e empolgante técnica de medição que permite medir as emissões de esporos de fungos em organismos isolados. Até agora, a maioria das técnicas de medição de bioaerossóis media apenas as concentrações atmosféricas de todos os aerossóis na atmosfera. Isso, no entanto, não permite distinguir entre diferentes organismos ou comunidades de origem. Com a nova técnica em mãos, os autores vieram ao ATTO. Aqui, eles puderam medir a liberação de esporos na floresta perto do local em condições naturais. Além disso, montaram laboratórios para experimentos. Isso permitiu a comparação entre as medições de campo a outras realizadas sob condições controladas. Isso é importante, porque na natureza várias condições ambientais, como temperatura e umidade, podem mudar ao mesmo tempo. Em um experimento de laboratório controlado, é possível alterar apenas um deles por vez e manter o outro fator constante. Para o estudo, os pesquisadores agora se concentraram apenas em uma espécie para ilustrar as técnicas e os resultados da medição.
Para esta espécie, foi descoberto que os fungos liberam seus esporos principalmente sob condições de alta umidade do ar, na faixa de 62% a 96%. Isso faz sentido, porque a condensação da água é fundamental para a liberação de esporos de fungos. Temperatura e luz parecem desempenhar apenas um papel menor. No entanto, as medidas de campo mostraram um forte ciclo diurno – os fungos liberaram a maioria dos esporos durante a noite.
Este estudo é um primeiro passo importante para decifrar a relevância de organismos produtores de esporos, como fungos para aerossóis atmosféricos e seus efeitos no clima e na meteorologia regional. Com base nisso, os autores querem investigar uma variedade de diferentes espécies de fungos. E também querem medir as concentrações de esporos em diferentes níveis de altura do dossel e durante diferentes estações do ano. Esses estudos adicionais auxiliarão a completar o panorama.
O estudo intitulado “Aerosol measurement methods to quantify spore emissions from fungi and cryptogamic covers in the Amazon” foi publicado no Open Access por Löbs et al. (2020) em Atmos. Meas. Tech., 13.
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