Identifying bioaerosols in the Amazonian atmosphere
Partículas biológicas suspensas na atmosfera, como pólen e esporos de fungos, são de extrema importância. Muitos estudos anteriores, incluindo os do ATTO, focaram em suas propriedades químicas e físicas. Por exemplo, os cientistas queriam entender o papel dessas partículas na formação de nuvens e na precipitação.
Mas as partículas biológicas transportadas pelo ar, chamadas de bioaerossóis, também influenciam a dinâmica da biosfera abaixo. Plantas e fungos dispersam pólen e esporos, respectivamente, para garantir a polinização e a formação de frutos e estabelecer novos organismos. Em muitos casos, colocar essas partículas no ar é essencial para garantir sua sobrevivência. No entanto, até agora, pouco se sabe sobre a identidade taxonômica biológica desses bioaerossóis.
Em um novo estudo, Sylvia Mota de Oliveira e seus colegas se propuseram a desvendar o que se encontra nessa lacuna de conhecimento. Eles usaram o local do ATTO para coletar amostras de ar a 300 m acima da floresta. Em seguida, usaram o sequenciamento de DNA para analisar os componentes biológicos presentes e descobrir a que espécie de planta ou fungo pertencem.
Os resultados mostram que a composição das espécies aerotransportadas está relacionada ao ambiente subjacente de forma intrínseca e incluiu muitos dos gêneros antes identificados pela coautora Cybelli Barbosa, com base em caracteres morfológicos. Muitos dos bioaerossóis que identificaram no ar pertencem a espécies amazônicas frequentes na região. Nas plantas, suas descobertas são tendenciosas para espécies que dependem em extremo da polinização pelo vento. Espécies que usam diferentes mecanismos de liberação de pólen têm menores chances de os grãos de pólen serem transportados pelo ar. Portanto, a composição de espécies na atmosfera é diferente da biosfera.
Além dessas espécies amazônicas, a equipe também conseguiu identificar táxons que vivem fora da Amazônia. Em especial, são espécies conhecidas por terem boas estratégias de polinização pelo vento. Embora sua origem permaneça incerta, é seguro partir do princípio que o vento transportou essas partículas por longas distâncias até o local do estudo. Isso confirma que o transporte eólico é um processo importante para dispersar as espécies entre as regiões.
Mas a nova percepção que mais impressiona é o forte contraste entre a composição das espécies na quase intocada atmosfera amazônica em comparação com as áreas urbanas. É uma surpresa que no ATTO os cientistas tenham encontrado poucos fungos alergênicos e patógenos de plantas. Eles ainda estavam presentes, mas em equilíbrio com o resto da vegetação. No entanto, os cientistas descobriram que essas espécies são relativamente muito mais abundantes em ambientes urbanos, o que pode causar problemas. Isso significa que as populações de plantas e fungos estão muito mais em harmonia nas florestas, tornando o ar mais saudável.
Sylvia Mota de Oliveira et al. publicaram o estudo “Life is in the air: An expedition into the Amazonian atmosphere” em Acesso Aberto na revista Frontiers in Ecology and Evolution. doi: 10.3389/fevo.2022.789791
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