Nova publicação: Secas afetam o fluxo de folhas na Amazônia

O inverno está chegando. Isto é, no hemisfério norte. Nas regiões do norte, as folhas das árvores já estão caindo nesta época do ano, seguidas pelas belas cores de outono. Florestas tropicais como a Amazônia não têm estações tão acentuadas e são sempre verdes. No entanto, as folhas mesmo assim caem e novas nascem regularmente cerca de uma vez por ano. Ainda não compreendemos completamente o que impulsiona a sazonalidade do fluxo de folhas. Mas agora sabemos que é um processo de extrema importância, pois influencia a capacidade fotossintética da floresta. Em suma, as folhas novas são mais eficazes que as velhas na realização da fotossíntese e no sequestro de carbono. Isso significa que árvores com muitas folhas velhas são menos produtivas que depois que germinam folhas novas.

new leaves are often bright green
© Martin Kunz / MPI-BGC

Em um novo estudo, Nathan Gonçalves e coautores agora querem responder duas questões importantes relacionadas a esse tema.

1) Eventos climáticos extremos como as secas influenciam a queda das folhas e, portanto, a idade média das folhas e a capacidade fotossintética da floresta?

E 2) É possível monitorar mudanças mais sutis associadas a eventos extremos (em comparação às mudanças de estação) com satélites?

Para responder a primeira pergunta, os autores estudaram o El Niño de 2015/2016, que se manifestou como uma seca extrema na bacia amazônica. Os pesquisadores descobriram que muitas árvores germinam folhas novas logo após o término da seca, cerca de quatro meses antes de outros anos. Isso resultou em folhas mais maduras muito mais cedo que o de costume. Essa mudança na idade das folhas acabou por impactar a capacidade fotossintética por cerca de 1,5 anos após a seca.

Para responder a segunda pergunta, os pesquisadores compararam fotos de câmeras posicionadas na torre alta do ATTO com dados de satélite. No passado, os dados do sensoriamento remoto enfrentavam alguns desafios (como nuvens que cobriam o céu, por exemplo) até que os cientistas desenvolveram um novo método de correção chamado MODIS-MAIAC. Esse método foi comprovado na detecção de grandes mudanças sazonais na idade das folhas. Gonçalves e coautores já podem comprovar que também podem captar as pequenas mudanças anômalas causadas pela seca do El Niño.

O artigo foi publicado em “Remote Sensing of Environment” e está disponível aqui (Closed Access): Both near-surface and satellite remote sensing confirm drought legacy effect on tropical forest leaf phenology after 2015/2016 ENSO drought.

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